quarta-feira, janeiro 28, 2009

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA DEFESA NACIONAL

Senhor Ministro da Defesa Nacional
Excelência,
Tomei conhecimento de que há dias o orfeão do Colégio Militar foi, com a presença de V. Ex.ª e de Sua Excelência o General Chefe do Estado-Maior do Exército, cantar as “janeiras” junto da residência de Sua Excelência o Primeiro-Ministro.
Com todo o respeito institucional que V. Ex.ª e as citadas entidades me merecem, não posso deixar de expressar a minha grande estranheza por tão invulgar acontecimento na História do Colégio Militar.
E a minha estranheza, e até alguma estupefacção, radicam no facto de não entender com que propósito tal manifestação artística se realizou.
Será que foi um acto de homenagem e reconhecimento ao Senhor Primeiro-Ministro por louváveis decisões governamentais tomadas, que eu desconheço, no sentido de se ultrapassarem as dificuldades com que o Colégio se tem vindo a defrontar para assegurar a sua sobrevivência como escola exemplar de formação juvenil, quer pela boa qualidade do ensino ministrado, quer muito especialmente pelos valores morais de patriotismo, honra, camaradagem, lealdade, disciplina e sentido das responsabilidades que procura incutir nos jovens que por lá passam?
Ou será que de uma forma calculista, como aparentemente se pode deduzir, se usaram estes jovens para fins pouco transparentes que, no fundo, nada têm a ver com o Colégio Militar?

É que nesta matéria de homenagens, se alguém deveria homenagear alguém, parece-me que os mais de dois séculos de relevantes serviços prestados pelo Colégio Militar à nossa colectividade, com tantos dos seus ex-alunos que, nos mais diversos sectores da vida nacional, se distinguiram e serviram o País de forma altamente meritória, empenhada, abnegada e até heróica, mais justificariam uma homenagem do Senhor Primeiro-Ministro ao Colégio do que o inverso.
Assim, como ex-aluno alarmado pela situação descrita, rogo a V. Ex.ª os esclarecimentos tidos por convenientes, para que os muitos ex-alunos que partilham das minhas preocupações possam de facto conhecer e bem avaliar os reais motivos deste insólito acto.
José Manuel Castanho Paes
Ex-aluno nº 228/52

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