quinta-feira, dezembro 07, 2006

Carta do Funcionário Público ao Ministro:

Exº Sr. Ministro,
Vou alterar a minha condição de funcionário público, passando à qualidade de empresa em nome individual (como os taxistas) ou de uma firma do tipo "Jumentos& Consultores Associados Lda".
Em vez de vencimento passo a receber contrafactura, emitida no fim de cada mês.
Ganha o ministro, ganho eu e o país que se lixe!
Vejamos:
Ganha o ministro das Finanças porque:
- Fica com um funcionário a menos e livra-se de um futuro pensionista.
-Poupa no que teria que pagar a uma empresa externa para avaliar o meu desempenho profissional.
-Ganha um trabalhador mais produtivo porque a iniciativa privada é, pordefinição, mais produtiva que o funcionalismo público.
-Fica com menos um trabalhador, potencial grevista e reivindicador.
E ganho eu porque:
-Deixo de pagar um a totalidade dos impostos a que um funcionário público estáobrigado, e bem diga-se, pois passo a considerar o salário mínimo para efeitos fiscais e de segurança social.
-Vou comprar fraldas, champôs, papel higiénico, fairy, skip e uma infinidade de outros produtos à Makro que me emite uma factura com a designação genérica de "artigos de limpeza", pelo que contam como custos para a empresa.
-Deixo de ter subsídio de almoço, mas todas as refeições passam a ser consideradas despesas da firma.
-Compro um BMW em leasing em nome da firma e lanço as facturas do combustível e de manutenção na contabilidade da firma.
-Promovo a senhora das limpezas lá de casa a auxiliar de limpeza da firma.
-E, se no fim ainda tiver que pagar impostos, não pago, porque três anos depois o senhor ministro adopta um perdão fiscal; nessa ocasião vou ao banco onde tinha depositada a quantia destinada a impostos, fico com os juros e dou o resto à DGCI.
Mas ainda ganho mais:
-Em vez de pagar contribuições para a CNP, faço aplicações financeiras e obtenho benefícios fiscais se é que ainda tenho IRS para pagar.
-Se tiver filhos na universidade eles terão isenção de propinas e direito à bolsa máxima (equivalente ao salário mínimo) e se morar longe da universidade ainda podem beneficiar de um subsídio adicional para alojamento; com essas quantias compro-lhes um carro que, tal como o outro, será adquirido em nome da firma.
Como se pode ver, só teria a ganhar e, afinal, em Portugal ter prejuízo é uma bênção de Deus! Está visto que ser ultra liberal é o que realmente vale a pena, e porque é que os partidos que alternam no poder têm tantos votos...

1 comentário:

Alda M. Maia disse...

Mãos à obra! Não se esqueça de lançar o olho para um qualquer "paraíso fiscal" - esse é que não deve faltar nos seus projectos.
E se o negócio não correr bem?

Estou perfeitamente de acordo com o seu "S.O.S. animais"
Alda Maia