quarta-feira, abril 22, 2009

O Caso do Navio ANGOCHE - Faz hoje 38 anos!!!


UMA ACHEGA: NAVIO “ANGOCHE
No dia 23 de Abril de 1971 - faz hoje 38 anos - o navio "Angoche" foi assaltado em alto mar, na costa de Moçambique, quando ia em viagem para o Norte.

Os 22 tripulantes foram levados para a Tanzânia e assassinados em Nachingwea, uma base da Frelimo.

Supõe-se que o assalto tenha sido feito por meios navais soviéticos, talvêz um submarino e foram encontradas manchas de sangue no navio, o que prova que foi usada violência contra os tripulantes.

O jornal "Notícias" de Lourenço Marques foi impedido pela Comissão de Censura de divulgar qualquer informação, o mesmo acontecendo com os jornais de Lisboa.

O jornal "Star" de Joanesburgo, que era vendido na esquina do "Continental", em Lourenço Marques, começou a referir-se ao assunto a partir da última semana desse mês de Abril de 1971. As informações eram poucas e as suposições eram muitas.

"Diz-se", "fala-se", "supõe-se"...

O mesmo acontecia com a Rádio Brazaville e a Rádio RSA de Joanesburgo, que transmitiam em português.

Ou com as emissões em inglês da BBC e da Voz da América.

Todas escutadas por mim em Onda Curta. Nunca ouvi a Rádio Moscovo e a "Voz da Frelimo" (através da Rádio Tanzânia) referirem-se ao assunto em Abril/Maio de 1971, apesar de eu as escutar todos os dias para o efeito.

Ainda hoje permanece o mistério sobre o que teria contecido aos tripulantes e a um provável passageiro, que viajavam a bordo do navio "Angoche".

Só 3 dias depois, a 26 de Abril de 1971, o navio foi abordado pelas autoridades coloniais portuguesas, pelo que houve quem se interrogasse em Moçambique se não teria sido tempo demais para dar pela falta de um navio daquele tamanho e com uma carga daquela natureza.

Usou-se o clásico raciocínio do "Motivo, Meios e Oportunidade" para tentar peceber o que se tinha passado:

- Motivo e Oportunidade: a Frelimo e a União Soviética, porque o "Angoche" transportava material de guerra;

- Meios: apenas a União Soviética, porque a Frelimo não tinha meios navais para um assalto em alto-mar.

Por motivos óbvios estratégicos e porque um acto de pirataria contra um navio mercante civil não honra particularmente quem o pratica, a URSS nunca falou no assunto.

Quatro anos depois, com o golpe militar de 25 de Abril em Lisboa, desapareceu o relatório secreto sobre o assunto.

Assim se passaram 38 anos sem que a opinião pública tivesse tido o direito de saber o que se passou.

Haverá pessoas daquele tempo que sabem o que aconteceu ou que tiveram acesso ao relatório.

É tempo de quebrarem o silêncio!


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